quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Gato que Brincas na rua"

Entre muitos poemas que já lemos e analisamos em aula de Fernando Pessoa ortónimo, “Gato que brincas na rua” foi um dos poemas que mais gostei. Pessoa ortónimo inveja o gato que brinca na rua, de forma instintiva e natural, a sua irracionalidade e, consequentemente, a sua felicidade. A inevitável consciência da fragmentação interior domina o sujeito lírico – “vejo-me e estou sem mim” e o processo de auto-analise é permanente – “conheço-me e não sou eu”.


Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama

Bom sero das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes .

És feliz que és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
                                  
                              Fernando Pessoa

1 comentário:

Catarina das dores disse...

Q obra magnífica.fernando