Entre muitos poemas que já lemos e analisamos em aula de Fernando Pessoa ortónimo, “Gato que brincas na rua” foi um dos poemas que mais gostei. Pessoa ortónimo inveja o gato que brinca na rua, de forma instintiva e natural, a sua irracionalidade e, consequentemente, a sua felicidade. A inevitável consciência da fragmentação interior domina o sujeito lírico – “vejo-me e estou sem mim” e o processo de auto-analise é permanente – “conheço-me e não sou eu”.
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama
Bom sero das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes .
És feliz que és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Fernando Pessoa
1 comentário:
Q obra magnífica.fernando
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