Na sequência do estudo da poética de Fernando Pessoa, vou direcionar-me um pouco para os seus heterónimos e começar por vos falar um pouco de Alberto Caeiro, a quem Fernando Pessoa chama de O Mestre. Mestre de Fernando Pessoa e de todos os heterónimos.
Aspectos “biográficos”
- · Nasce em Lisboa, a 16 de Abril de 1899.
- · Órfão de pai e mãe, herda uma pequena quantia de uma tia, o que lhe permite mudar-se para o campo,onde vive até morrer.
- · Louro, de olhos azuis, tem apenas a quarta classe, nunca tendo exercido nenhuma profissão.
Todos os “sujeitos poéticos” pessoanos consideram Caeiro como “o Mestre”, porque ele é o único que consegue atingir a paz, a tranquilidade e a serenidade através da recusa do pensamento e d privilegiar do sentir: “ Eu não tenho filosofia, tenho sentidos”.
Caeiro eleva-se na constelação poética pessoana porque descobriu o segredo da felicidade, ao recusar o pensamento e ao optar pelo concreto: “sinto todo o meu corpo deitado na realidade, / sei a verdade e sou feliz”.
Os poemas de Caeiro estão reunidos em três colectâneas: O Guardados de Rebanhos, O Pastor Amoroso e Poemas Inconjuntos.
Os textos de Caeiro de O Guardador de Rebanhos põem a tónica na vertente campestre, na vertente bucólica e instintiva, evidenciando a linearidade da linguagem poética. É, pois, o heterónimo que mais radicalmente difere de Pessoa ortónimo, visto o seu universo poético ser linear, sem profundidade, despojado de toda a subjectividade de sentido. Caeiro pretende ser o “descobridor da Natureza”, negando que a natureza tenha significados ocultos. As coisas são o que são, resumem-se à sua aparência e ao poeta cabe aceitá-las como elas são, sem pensar, porque “pensar é não compreender…”. Para o heterónimo, o mundo é claro, evidente, simplesmente é – ser é único valor possivel. O conhecimento chega apenas pelo olhar puro – “Vi como um danado”.
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